segunda-feira, 15 de abril de 2013

Os pósitrons a serviço da medicina


A história do pósitron é um exemplo do ciclo completo que vai da previsão teórica a uma extraordinária aplicação prática das descobertas científicas. Em 1928, as equações matemáticas do físico inglês Paul Dirac (1902-1984) previam que alguns núcleos radioativos poderiam emitir um antielétron, ou seja, uma partícula com a mesma massa do elétron, mas com carga positiva. Efetivamente, essas estranhas partículas foram descobertas em 1932 pelo físico norte-americano Carl David Anderson (1905-1991), que as chamou de pósitrons. De acordo com as previsões realizadas por Paul Dirac, observou-se que a vida do pósitron era muito curta, pois sua colisão com um elétron provocava a destruição de ambas as partículas, com transformação integral de suas massas em ondas eletromagnéticos. Nos anos seguintes foram constatados vários núcleos que emitam pósitrons, produzidos em aceleradores de partículas. É o caso, por exemplo, do nitrogênio-13. Na década de 80, desintegração dos pósitrons encontrou uma aplicação prática de grande interesse social: o desenvolvimento de um aparelho para diagnósticos médicos, denominado tomógrafo por emissão de pósitrons, PET (do inglês, positron emission tomography).

Para efetuar um exame em um desses aparelhos, o paciente recebe uma injeção com o radioisótopo emissor de pósitrons, ligado a uma molécula que tenha afinidade com o órgão a ser estudado. Nessas condições, o radiosótopo emitará pósitrons que irão colidir com elétrons e formar ondas eletromagnéticas. Sistemas detectores de radiação, situados ao redor do paciente, acusarão e emissão dessas ondas, de modo que haverá um mapeamento do órgão que está sendo investigado. Veja o vídeo abaixo:



Apesar de todas as vantagens proporcionadas por esse tipo de diagnóstico, a tomografia PET apresenta um problema. Como os pósitrons são emitidos por radioiosótopos de meia-vida muito curta, torna-se necessário que o diagnóstico seja realizado em local próximo do reator que produz o radioisótopo. O Instituto de Energia Nuclear (IEN), por exemplo, está produzindo flúor-18, cuja meia-vida é de apenas 1,8h. Isso faz com que a utilização desse isótopo fique limitada à cidade do Rio de Janeiro e regiões dentro de um raio máximo de100 km.

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